domingo, março 11, 2007

Mizukara hikuu sureba tattoshi (mais ou menos)

Mizukara hikuu sureba tattoshi (respect comes to those who are meek).
Este provérbio tem origem na literatura chinesa e indica que para conquistar o respeito se deve actuar de uma forma humilde.

Rei, sem dúvida, esta é uma expressão comum em qualquer Dojo de Karate, independentemente do seu credo ou religião.

Rei, é mais ou menos o mesmo…respeito. O acto de nos curvarmos perante as pessoas obriga-nos a lembrar que devemos respeitar os mais velhos e os mais graduados. No entanto existe muito bom rapazinho por aí que confunde o respeito por vassalagem. Andar a fazer vénias aos mais velhos e aos mais graduados e dizer que sim a tudo o que eles dizem ou ditam, isso não é respeito, é sujeição.

Em tempos ouvi uma explicação interessante acerca da saudação. Quando nos curvamos perante um parceiro estamos a confiar e a expor a nossa integridade à outra pessoa.

Confiar, Shinrai.
A forma mais correcta de interpretar esta palavra nas artes marciais japonesas seria, Shinrai kankei (uma relação de confiança (mútua)).

Eu cá acho que até fiquei “careca” de tanto confiar e me desiludir, de encobrir ausências mal justificadas, escassez de compromisso e distanciamento decoroso.

Antes de comprar o meu Karate-gi treinava de fato de treino. Não é pelo facto “de ter um cinto” que me acho mais do que alguém e como tal continuo a respeitar os mais velhos pois sei reconhecer o valor de muitos deles.

É por respeitar os mais velhos, que quando vejo que as coisas estão mal direccionadas, opino. E quando tinha cabelo também já era assim.

A motivação que me fez entrar no Dojo no meu primeiro dia de treino, é a mesma que me fez entrar hoje no meu Dojo para treinar.

Apenas quero percorrer e descobrir o meu DO, talvez com a necessidade de ter o prazer de descobrir aquilo que não me ensinaram.

Como disse o Sensei Peté na revista boxing deste mês:
“Há que ter a preocupação de não ensinar aquilo que os outros terão o prazer de descobrir”.

Para minha grande desilusão, não me considero uma pessoa humilde, pelo contrário, creio que sou mal-encarado, arrogante e convencido.
No entanto se o Sensei Abílio estiver ao pé de mim num treino seja do que for sou incapaz de alinhar à sua frente.

Porquê?

Não sei…

3 comentários:

Anónimo disse...

A humildade é parte do "alimento" do bom karateka. Peitos inchados e títulos pomposos só convencem os "pintos" de olhos fechados que seguem cegamente estes personagens. As acções é que falam alto, e essas... não se encobrem com sensacionalismos ridiculos e falsos. Entre ser águia ou pato, prefiro ser mocho...

Anónimo disse...

Caro amigo João Ramalho, gostei deste teu artigo, realmente o respeito à vénia sempre se deveu a quem a merece e aos mais velhos, mas não será também a graduação de Dan um sinal da idade? Ou não deveria ser? Bem segundo o regulamento de graduações da Federação que rege o karate no nosso país a soma dos anos respeitantes aos intervalos de cada dan simboliza, nada menos que a idade do praticante e não um merito ao ostentar uma determinada graduação, ou seja... ser 5 dan ou 6, 7,8 só significa mais anos de treino? Até porque o numero de anos entre dan´s é de forma mais ou menos unanime em todas as asssociações de karate. Até porque quando as mesmas pedem filiação na federação Nacional, o principio de graduações está defenido e respeitando o regulamento da mesma, ou será pura demagogia e só serve para alguns?
Mas voltando à vénia, de facto a mesma, ou seja o respeito sempre foi devido a se dá ao respeito pela sua obra e não com o trabalho dos outros, penso que o nosso karate nacional impera de situações desse género, infelizmente também é um problema da nossa sociedade sendo o nosso pequeno país cheio de questões mesquinhas sem nos centrar-mos no essencial, que é a protecção do bom nome que o karate precisa ter na nossa sociedade. Espero poder trocar contigo mais impressões num futuro proximo. Mais uma vez agradeço a tua hospitalidade em tua casa.

Anónimo disse...

Para mim a vénia, antes de uma obrigação, é o meu reconhecimento pessoal pelo nível técnico das pessoas (senseis ou não) que cumprimento.
Mas eu, sou apenas eu ...