sexta-feira, dezembro 22, 2006

Kata: Caminhando pelo desconhecido… (3)

Bem, continuando…

Durante a semana tive a oportunidade de beber um café com o meu amigo Jorge Rosa (Wado Ryu), e claro que esta linha de pensamento veio à baila. Depois de várias trocas de pensamentos, creio ser importante referir que o conceito Bunkai e Kata podem de alguma forma significar a mesma coisa.

Eu explico:

Segundo algumas artes marciais Japonesas, um Kata é um conjunto de movimentos executado a dois. Por exemplo, nas aulas de defesa pessoal da GNR o sistema que foi adoptado não é nada mais nada menos do que o Goshin Jutsu No Kata de Judo, que é um conjunto de 10 técnicas executadas mediante diversas agressões.

Por isso creio ser importante e para não ferir susceptibilidades informar que a Kata que estou a falar, não é nada mais, nada menos do que aquele tipo de bailado que fazemos a solo como maluquinhos.

Adiante…

Na minha opinião quando tentamos analisar a forma como as Katas foram transmitidas, caímos num erro enorme, avaliamos uma forma Japonesa com uma mentalidade ocidental.
Eu explico, o ocidental teve (quase) sempre o hábito de questionar tudo. Dessa forma criou uma série de Leis (ex. a 3ª Lei de Newton).
O Japonês não, sempre executou porque alguém lhe mandou fazer, que por sinal já tinha sido mandado por outro…

Vamos imaginar um Mestre de Okinawa a transmitir uma Kata a um aluno.
Acham que ele tentava dar uma explicação biomecânica de determinado movimento?

Não, ele mandava e o aluno executava.

Quando da abertura do Karate aos ocidentais passa a ser uma realidade.

Estou a imaginar este filme em Okinawa.

- “Olha lá ó Mister, para que serve este movimento? Tenho que estar aqui muito tempo? É que eu tenho uma Gaijas mesmo bôas à minha espera no tasco.”

O mestre é confrontado pela primeira vez com uma questão.
Será que vai responder com toda a veracidade a um indivíduo que conhece apenas há uns dias? Não.

No entanto o rapaz lá volta a perguntar:

- “Ó Mister, comé…isto serve para dar porrada nos maridos das gaijas?”

Às tantas, o mais provável é responder-lhe que sim e que deve fazer muitas flexões de punhos fechados em cima de garrafas partidas, para ficar com os nós dos dedos rijos.
E que aquilo que ele está a fazer é apenas uma defesa da cara (age uke) que serve apenas para defender socos na tromba … e vai para casa não me chateies mais.

Gerações depois, andamos nós a questionar e apontamos os dedos uns aos outros porque fazemos este movimento assim e os outros fazem assado.

Quando fazemos uma arte marcial temos que a interpretar como o seu nome indica, ARTE. Quando olhamos para um quadro de Da Vinci vemos uma mensagem, quando olhamos para um quadro de Picasso vemos outra mensagem. E o mais interessante é que podemos escolher no nosso qual a que mais gostamos.

Para mim uma das maiores referências que existe em termos de Kata é o Sensei Higaonna, pois ele imprime toda a sua alma na execução da mesma. No entanto o que me serve tentar copiar esta personagem? Nada, pois não estou a fazer nada de extraordinário, estou apenas a tentar copiar a forma exterior. Caindo no risco (é o mais certo) de cair no ridículo.

Espero durante a minha vida estudar e aplicar os conhecimentos que adquiri com os diversos mestres com quem treinei e espero treinar, pois apenas dessa forma um dia poderei fazer arte genuína e pura.
Espero um dia ter a sensibilidade de desenhar uma Mona Lisa e a loucura de criar uma Guernica.

Bem a pensar desta forma o mais provável é ir grafitar uma parede na Buraca…

Continuando a bunkai da postagem anterior depois de fazer o pseudo age uke (à Pantazi) poderia fazer um “soco” com a parte interior do braço na parte de trás do pescoço (a dobra que o braço faz), decididamente esta é à Professor James Muro (Kempo).

Depois dou o resto da “dica”.

Já agora quero agradecer ao meu aluno Gonçalo por me ter ajudado a arranjar 11 aplicações para o primeiro age uke da Kata Geki Sai Dai Ichi, é caso para dizer que lhe saíram do corpo.

Até á próxima…

Até lá…

Tá-se bem…

4 comentários:

Anónimo disse...

Aproveito este espaço "público" (desculpa lá ó João) para deixar aqui expressos os meus desejos de Feliz Natal e Bom Ano Novo a todos os karatekas e amigos.
Desejo que aqueles que estão connosco no "Do" entrem no Novo Ano com tudo o que desejem (aos outros...com tudo o que merecem!)
Boas Festas!!!

João Pedro Ramalho disse...

: )

Anónimo disse...

11 aplicações?

tou a ver que tenho muito a sofrer num próximo treino.

Anónimo disse...

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