domingo, outubro 16, 2005

Fim-de-semana de 14 a 16 Outubro

Pois é, este fim-de-semana foi em cheio, na sexta-feira treinei com o instrutor chefe da APOGK, e no sábado fui fazer uma reciclagem de arbitragem de kata. O que é que eu achei?
Vamos lá ver:


- Sexta-feira 14 de Outubro –

É sempre um prazer treinar com o sensei Jorge Monteiro, pois ele tem muito para ensinar aos “pobres”, a kata abordada foi a kata Sesan, mais as suas aplicações básicas. Qual o mal disto? Nenhum, pois é de treinos destes que a rapaziada com as humildes graduações de 4º e 5º dan precisam, no entanto, porque é que estão graduações mais baixas presentes neste treino, a associação tem assim tão poucos 4º dan?
Ainda não falei com ninguém que tenha feito o treino seguinte (1º e 2º dan), no entanto, acredito que o treino tenha sido interessante, e se tenha abordado pontos pertinentes, pois este tipo de treinos é para isso mesmo; para as pessoas colocarem duvidas e esclarece-las.
Este tipo de formação deve ser contínua, vamos lá ver se isto é para continuar.
Apesar do sensei Álvaro disponibilizar de boa vontade o seu dojo, o CAQ não é o único dojo na zona sul, por isso creio que seria pertinente fazer uma rotação em relação aos futuros locais de treino, desta forma creio que os instrutores deveriam (se possível) propor este tipo de treino nos diversos dojos da zona sul.
PS. As pessoas que faltaram ao treino (de certeza devidamente justificadas) não deviam , pois dessa forma não vão poder reclamar mais tarde.

- Sábado 15 de Outubro –

Aqui é que foi, mais uma vez o treino não me decepcionou, pois já imaginava o que é que seria, é de realçar que (desta vez) conseguimos abordar as katas shitei de Goju (Saifa e Sepai) e Shito (Bassai dai e Seiyenchin) da parte da tarde, mas já lá vamos, eu só fui a esta reciclagem, devido á pressão dos meus amigos Sérgio Repas (APOGK) e Leonardo Pereira (JIP).


O formador das katas de Goju , que apesar de fazer um Goju diferente do meu, respeita as diferenças entre as diversas escolas ou linhas, como quiserem lhe chamar, apesar de não ser o meu modelo de karateka, merece o meu respeito devido á sua postura, ao contrário de certas pessoas que lá estão, que de Goju, só percebem o que está no vídeo e no livro.
Reparei em certos karatekas de Goju com boa técnica, e que de certa forma também responderam bem ás diferenças apresentadas pelo formador, mostrando um puro respeito entre as várias escolas representadas. O formador demonstrou de certa forma ter preparado a missão que iria desempenhar.


Em relação ás kata de Shito, não acho que o formador fosse muito feliz na sua apresentação, mais uma vez, as pessoas não se podem apoiar no vídeo e no livro, convêm treinar o seu karate, nem que seja de vez em quando, para depois não andarem a ser corrigidos pelos formandos, no entanto conseguiu transmitir a sua mensagem.


Apesar dos pesares o dia foi positivo, revi antigos karatekas, conheci novos karatekas, e acima de tudo, treinei um bocado, ri-me dos outros estilos e ele riram-se do meu Goju ryu. Amanhã não contem comigo.

- Conclusão –

Achei muito importante o treino de graduados da APOGK, pois só desta forma é que podemos evoluir, e acima de tudo, só assim é que conseguimos uniformizar a forma de ensino, na nossa associação; Se exigimos este tipo de treino temos de aparecer, nem que para isso tenhamos que deixar um aluno a dar o treino no nosso dojo. Creio que seria pertinente questionarmos as divisões dos treinos em relação ás graduações.


Quanto ao treino na Federação, as pessoas que fazem parte de certos órgãos deviam saber do que falam, pois é um bocado desagradável ver pequenas discussões entre pessoas desse mesmo órgão em matéria técnica.


Em relação ao famoso livro e ao vídeo, é muito simples, as pessoas deviam compreender um bocado mais daquilo que fazem, pois, se existem certos estilos, que devido á sua natureza são limitados, existem outros que são mais ricos, o karate Goju-ryu é um estilo muito rico em termos técnicos, e é muito difícil falar de bunkai, quando num estilo se pode falar de kihon bunkai, oyo bunkai, dento bunkai, ... Treinem mais e leiam menos.


Neste momento estamos a viver num século em que temos tudo á mão, se precisarmos de comprar algo (livros, vídeos) é só encomendarmos na net ou então na melhor das hipóteses irmos á loja de artes marciais mais próxima comprarmos, quando se fala de kata temos que ter a sensibilidade de compreendermos que a interpretação de certos movimentos pode variar de individuo para individuo e que apesar do esboço da kata representar um movimento que para nós é obvio, esse movimento poderá representar uma aplicação implícita.

Mais uma vez voltando ao livro, ele foi escrito em 1982, e desde lá, já muita coisa se alterou, e voltou-se novamente a fazer, por isso, a kata que se faz hoje pode não ser a que se vai fazer amanhã (infelizmente). Na minha perspectiva a riqueza do karate está na sua diversidade, não na sua demarcação, os estilos e as diversas escolas devem ser respeitadas, pois isso é que significa tradição, a transmissão dos princípios básicos da parte dum mestre para um aluno, o treino desses princípios até á sua mestria e por fim a sua própria interpretação por parte do aluno; por isso é que fazemos uma ARTE marcial e não um desporto de combate.