domingo, dezembro 03, 2006

A graduação afinal é importante ou não?

Já desde algum tempo que penso postar este assunto, acho que esta é a altura ideal.

Como é do conhecimento geral, a atribuição de graduações no Karate foi uma exigência imposta pela Butokukai, pois apenas dessa forma a arte que hoje conhecemos como Karate poderia ser reconhecida por essa organização (não vale a pena estar aqui a explanar muito sobre este assunto).

Perante esta imposição houve uns “gajitos” de Okinawa que decidiram adoptar o modelo de graduações do Mestre Jigoro kano (Judo).

Este Senhor (Jigoro Kano) por sua vez adoptou o sistema de Mudansha/Yudansha.

E agora perguntamos: de onde???

Da natação, como homem ligado à actividade desportiva, e dos primeiros Japoneses a representar o seu país nuns Jogos Olímpicos, retirou o modelo adoptado pelos seus parceiros/agentes de ensino para classificar os jovens nadadores.

Aqueles que nadavam como pregos eram os Mudanshas, os que sabiam dar umas braçadas eram os Yudanshas.

Moral da história: adoptando uma classificação destas era de esperar que metesse água…
Bem, adiante… o ego é grande e por isso o ser humano “defeco pensante” vai logo arranjar maneira de ficar por cima do seu próximo, como?

Cria logo uma multiplicidade de cores que depois de devidamente comercializadas podem ser colocadas à volta da cintura, estruturando desta forma os demais.

Mas isto também não é importante,

Sou ou não sou a favor das graduações?

Sim, sou, porque desta forma posso dirigir o conhecimento dos meus alunos, na direcção que eu quero (estou a brincar, estava a ver se vocês estavam atentos).

Sou, porque o ser humano precisa de incentivos. Para se deslocar do ponto A para o ponto B o ser humano tem de arranjar uma razão para o fazer. No entanto, quando um Budoka sabe o que quer e o que anda aqui a fazer, não creio que a graduação seja importante.

A primeira conversa que tive em relação a graduações foi com o meu amigo Sensei Jorge Rosa, quando ele me disse que as graduações eram importantes, pois apenas dessa forma se teria acesso a informação relevante…

Mais tarde em conversa com o meu amigo Sensei Ricardo Gama (ele não gosta de ser chamado de Sensei), disse-me que tinha feito exame para cinto negro para poder treinar com os “meninos” grandes.

Estas duas razões são mais que suficientes para acharmos que as graduações são importantes.

Se para mim é importante a graduação?

Não, porque eu sei o que quero e para onde quero ir.

Lembram-se do primeiro amigo desta postagem (Jorge Rosa)?

Ele veio recentemente do Japão e comentámos a importância das graduações nos Koryu Bujutsu, ao qual ele muito sabiamente disse mais ou menos isto (não disse, porque o gajo não tem piada nenhuma).

“Eu cheguei lá e inscrevi-me como o sócio nº 23654, daqui a cinco anos quando morrerem 50 gajos passo a ser o nº 23604.”

Acho que isto é brilhante, o que me adianta passar à frente do pessoal que já lá estava?
Nada, não é por ter mais um cinto que vou ficar mais inteligente, por vezes, repito: “ás vezes quanto mais graduados mais burros…”

Moral da história o Jigoro Kano meteu água e o Pedro Soares (=Judo) parece que anda com a Merche Romero.

Já agora e por falar em gajos importantes o Ricardo Gama vai orientar o grupo de estudo de Kyusho em Lisboa no dia 09 de Dezembro ás 15.00 e em Ermesinde (a terra das gajas boas) no dia 10 pelas 11.00.

Espero que a Merche apareça…
Sem o Pedro Soares!

3 comentários:

Anónimo disse...

brincadeiras à parte, a visualização da graduação (leia-se côr do cinto) é muito importante porque, por um lado, permite ao instrutor deduzir do leque de técnicas que o aluno, eventualmente, domina, e por outro, evitar que o aluno tente "enganar" o professor, dizendo-se mais conhecedor do que realmente é.
Penso, inclusivé, que mesmo os cintos negros (yudanshas) deveriam ter um esquema para se diferenciarem uns dos outros - sem necessidade de lavarem o cinto todas as semanas ... :)

Anónimo disse...

no meu tempo treinava-se o cinto nas esquinas das paredes para eles ficarem mais coçados! ;)

bons tempos!

hoje em dia lavam os cintos! bah! ainda por cima na máquina de lavar! ou seja, sem qualquer tipo de esforço!

voltando ao assunto:
é importante? sim! pelo factor social que falas, pelo facto de NA realidade te permitir aceder a determinados tipos de treino que não terias acesso.
deixa de ser importante a partir de um certo nível de desenvolvimento? sim! não é um nível fixo. para uns é no castanho, outros só no 1º ou 2º dan, outros muito mais cedo, outros nunca. Depende da forma como as pessoas encaram, e como o "sensei" faz com que os seus alunos encarem.

Pessoalmente, deixou-me de ser importante no 1º dan, já que me deu acesso a treinos de DAN que até lá me estavam vedados.
É claro que o 3º me deu acesso a outras coisas... como à arbitragem de Kata. Contudo do ponto de vista meramente marcial não foi/nem é a graduação que me ensinou/ensina nada.

Ainda há uns dias dizia a um colega de treino que o que é necessário é experimentar, pesquisar, treinar, aprender de muitas fontes de forma a que o ensinamento central faça sentido. Ele não percebeu bem... será que ainda está na fase em que a graduação importa?! ;)

KI Portugal disse...

amigo uma reflexão mais, em www.kyushopt.blogspot.com
Ricardo Gama